sábado, 14 de novembro de 2009

Besouro



Besouro
Besouro
Brasil, 2009 - 95 min
Ação

Direção: João Daniel Tikhomiroff

Roteiro: João Daniel Tikhomiroff, Patrícia Andrade

Produção: Fernando Souza Dias, João Daniel Tikhomiroff, Vicente Amorim

Elenco: Aílton Carmo, Macalé, Flavio Rocha, Anderson Santos de Jesus, Jessica Barbosa, Sérgio Laurentino, Chris Viana, Adriana Alves, Irandhir Santos, Leno Sacramento

Tem certas situações que eu não consigo entender. Grande parte do público brasileiro reclama que os filmes nacionais só falam de favela e sexo. Quando lançam um filme que possui um enredo mais fantasioso dizem: "Como é que pode? Alienígenas/Monstros no Brasil? Nada a ver!". Quem pensa assim precisa assistir a Besouro.
Tendo como cenário o Recôncavo Baiano da década de 1920, Besouro conta a história do capoeirista homônimo ao filme que é encarregado de comandar um grupo de capoeiristas após a morte de seu mestre, Mestre Alípio (Macalé). Para defender seu povo do Coronel Venâncio (Flavio Rocha), Besouro (Aílton Carmo) faz um trato com Exu (Sérgio Laurentino) e passa a contar com auxílio dos Orixás.
O roteiro é bastante inovador quando se fala de produções brasileiras, principalmente por ser um filme de ação. Apesar disso, até meados da exibição, o filme é cansativo, sem acontecimentos impactantes ou nem mesmo relevantes. Tudo isso porque a história demora demais para se desenvolver mas, quando se desenvolve, as imagens são de encher os olhos.
A situação se repete com os três atores principais que, até certo ponto do filme, se mostram meio perdidos e depois melhoram bastante. Os destaques do filme quanto a atuação são os intérpretes dos dois antagonistas da história: Flavio Rocha, que interpreta o Coronel Venâncio; e Irandhir Santos, o cômico Noca de Antônia, que já trabalharam juntos na minissérie A Pedra do Reino.
Sem dúvida alguma, o forte do filme é a sua parte técnica, o que costuma ser o ônus das produções brasileiras, com exceção da fotografia. Devido a necessidade de um bom entendedor da área dos filmes de ação e de seus respectivos efeitos especiais, João Daniel Tikhomiroff contratou o coreógrafo chinês Huen Chiu Ku, o melhor da área e criador das cenas de luta de Kill Bill (Quentin Trantino), Matrix (Andy Wachowski e Larry Wachowski) e do ganhador de Oscar O Tigre e o Dragão (Ang Lee), e isso é muita coisa! Dee Dee (apelido de Huen Chiu Ku) passou um tempo estudando a capoeira para conseguir desenvolver boa cenas de combate. E conseguiu. Os movimentos são bastantes leais à técnica original o que, segundo Dee Dee, foi o mais difícil, devido à capoeira não possuir defesas, somente ataques e esquivas, tornando o contato entre os atores bem menor. Não existe, no filme, nenhuma cena de luta que seja nem mediana: todas são excelentes, com destaque para a luta entre Besouro e Quero-Quero (Anderson Santos de Jesus). Também são muito bem trabalhadas as cenas com uso das cordas, que suspendem os atores, uma especialidade de Huen Chiu Ku.
Mas os méritos não são só do coreógrafo. Os atores são ótimos capoeiristas, principalmente Aílton Carmo e Anderson Santos. São muitos os movimentos e golpes incrivelmente rápidos e difíceis por eles realizados, algo que deixa vários filmes de ação norte-americanos ou asiáticos para trás. A fotografia também é um fator muito importante em Besouro, pois existem muitas cenas rápidas que exigem diversas mudanças de ângulos, e Tikhomiroff se sai muito bem nesse quesito. A trilha sonora é bastante original: mistura vários ritmos, mas com predominância das músicas de roda de capoeira. É bastante perceptível que as músicas costumam começar como algo que lembra filmes orientais, que vai mudando suavemnete até chegar no ritmo da capoeira.
Apesar de não possuir uma história solidificada e de algumas falhas nas atuações, Besouro é um ótimo filme de seu gênero, ainda em lento crescimento no Brasil. O filme é inovador e chega a ser surpreendente devido à sua ótima produção, o que é mais uma prova da capacidade cinematográfica brasileira. Besouro custou 10 milhões de reais, já o péssimo X-Men Origens: Wolverine (Gavin Hood), por exemplo, teve um custo de 150 milhões de dólares (mais de 250 milhões de reais). Assistam aos dois e tirem suas próprias conclusões.

3 comentários:

Maria Clara Aragão disse...

Hum, eu gosto do cinema nacional, sei la né, a gente que fez e tudo. Vou dar uma olhadinham adorei a crítica Leo :* e VOU VOLTAR A COMENTAR, TA? :D AIEOUOEUIA

Luciana Nepomuceno disse...

Não importa a nacionalidade do filme, nunca me impressionam os filmes que primam pelo aspecto técnico, pelas cenas de ação, pelo encher os olhos e esvaziar o cérebro. Gosto de roteiros consistentes, de atuações convincentes, de uma história bem contada...

Caio Fonteles disse...

pode até ser um filme do estilo matrix, mais só em falar de uma cultura "quase" brasileira, já fico feliz, e tambem já é um avanço os efeitos especiais que tem o filme.

;D

 
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