domingo, 26 de outubro de 2008

Pequena Miss Sunshine


Pequena Miss Sunshine

Little miss Sunshine
EUA, 2006
Comédia - 101 min

Direção: Jonathan Dayton e Valerie Farise
Roteiro: Michael Arndt

Elenco: Abigail Breslin, Greg Kinnear, Paul Dano, Alan Arkin, Toni Collette, Steve Carell, Bryan Cranston, Marc Turtletaub, Beth Grant, Jill Talley, Brenda Canela, Julio Oscar Mechoso

O que você faria se fosse um diretor de cinema e tivesse um orçamento de apenas U$8 milhões para fazer um filme? Bem, provavelmente você cairia na real e faria algo bem simples, com a única pretensão de recuperar o investimento. Entretanto, o casal de diretores Jonathan Dayton e Valerie Farise conseguiram, nessa situação, fazer um filme premiado e aclamado por público e crítica.

Pequena Miss Sunshine mostra a trajetória da família da pequena Olive Hoover (Abigail Breslin), uma garotinha de 7 anos, em sua viagem do Novo México para a Califórnia para que ela possa participar de um concurso de beleza infantil que dá nome ao filme. O problema é que sua família é completamente desajustada. Seu pai, Richard (Greg Kinnear), vende um programa que ensina "9 passos para se tornar um vencedor", mas é frustrado em seu emprego, e totalmente obcecado por vitórias, em todos os sentidos, obsessão essa que ela tenta sempre passar para a filha; seu avô, Edwin (Alan Arkin), que a ajuda a aprender a coreografia, é viciado em drogas; seu irmão, Dwayne (Paul Dano), idolatra o filósofo alemão Friedrich Nietzsche e fez voto de silêncio até conseguir ser piloto de aviões; seu tio, Frank (Steve Carell), irmão de sua mãe Sheryl (Toni Collette), é gay e tentou suicídio por ter sofrido uma frustração amorosa. Então, toda a família parte em um velha kombi rumo à Califórnia, encontrando no caminho muitos obstáculos, muitas dificuldades e decepções, tudo mostrado com um humor meio sarcástico, o que transforma o filme numa verdadeira tragicomédia.

O filme mostra situações bastante diferentes, improváveis, até inimagináveis, mas que poderiam muito bem ocorrer com qualquer um de nós. Todos os eventos são apresentados diretamente, sem rodeios, aproximando o espectador da trama. É essa simplicidade que pode enganar muitos à primeira vista, por considerarem banal o que está sendo mostrado. Mas o que ocorre, muito pelo contrário, é o surgimento de uma sensação de surpresa crescente à medida que o filme avança. Esperando nada ou muito pouco do filme, quem o assiste acaba se surpreendendo com o seu conteúdo. Isso se revela logo no início, quando vários acontecimentos vão se cucedendo muito rapidamente. Para isso, devemos dizer, contribui essencialmente o talento de todo o elenco. A jovem Abigail Breslin é simplesmente apaixonante. Quem não morreu de rir quando Olive recebe a notícia de que irá participar do concurso ("aaaaaaaAAAAAAAAAHHHHH!!!!!!!!") e passa vários minutos gritando: "I won! I won! I won! I won! I won! I won!"? Outro destaque é o jovem Paul Dano, que, por interpretar um personagem que quase não fala durente o filme, capricha nas caras, bocas e gestos do adolescente rebelde que "odeia todo mundo". Dano é uma boa promessa do cinema norte-americano, e tem confirmado isso, como em Sangue Negro (2007), filme vencedor de Oscar. Vale destacar também a excelente atuação de Alan Arkin, que venceu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante pelo papel do escrachado avô Edwin.

Pequena Miss Sunshine demorou 5 anos para ser concluído, devido a problemas financeiros. O roteiro custo U$250 mil e o filme foi rodado em seqüência. Apesar de ter um orçamento considerado baixo, o filme arrecadou cerca de 7 vezes o que custou, ou seja, foram quase U$60 milhões de bilheteria só nos Estados Unidos, um verdadeiro sucesso. Além disso, venceu 2 Oscar (Melhor Ator Coadjuvante para Alan Arkin e Melhor Roteiro Original), 4 prêmios Indenpendent Spirits Awards 2007 (Melhor Filme Independente, Melhor Direção, Melhor Ator Coadjuvante para Alan Arkin e Melhor Roteiro Original) e 2 prêmios no BAFTA (Melhor Ator Coadjuvante para Alan Arkin e Melhor Roteiro Original), fora várias outras premiações às quais foi indicado. Um fato interessante a ser notado é que o ator Steve Carell, quando começaram as filmagens, em 2005, não era muito conhecido. Mas quando o filme foi lançado, em 2006, ele havia alcançado um grande sucesso com o filme O Virgem de 40 anos, o que contribuiu bastante para a divulgação de Pequena Miss Sunshine.
É muito bom ver que filmes menores têm cada vez mais chegado às grandes premiações e alcançado um público maior. Isso mostra que, mesmo dentro de uma indústria milionária como a do cinema, dinheiro não é tudo, ainda há espaço para aqueles que fazem ressaltar seu talento e sua dedicação. Pequena Miss Sunshine é um grande exemplo disso. Um filme apaixonante, que dá vontade de assistir, mesmo sem grandes estrelas no elenco. E mais filmes têm seguido essa tendência, como Juno. Muitas vezes a simplicidade que surpreende por sua grandiosidade é muito mais agradável do que o requinte, o luxo, a exuberância. E essa nova geração de filmes está aí pra tentar provar isso. Independente, sim; medíocre, jamais.
edíocre, jamais.

De volta das profundezas...

Bem pessoal, antes de tudo peço desculpas por passar tanto tempo sem postar. É que o tempo está curto para escrever e para ir ao cinema. Mas, de qualquer jeito, para não deixar o blog estancado, começaremos a postar também críticas de filmes que não estão mais no cinema, mas que tivemos a oportunidade de assistir e achamos interessante falar um pouco sobre eles. Por isso não estranhem se a partir de agora você der de cara com resenhas sobre filmes do século passado. Será como uma indicação de filmes que você deve assistir... Ou não.

 
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