quinta-feira, 28 de julho de 2011

Transformers 3 - O Lado Oculto da Lua

Por Juliano Gadêlha


Transformers 3 - O Lado Oculto da Lua

Transformers - Dark of the Moon
EUA , 2011 - 157 min.
Ação / Ficção científica

Direção: Michael Bay

Roteiro: Ehren Kruger

Elenco: Shia LaBeouf, John Turturro, Josh Duhamel, Tyrese Gibson, Rosie Huntington-Whiteley, Patrick Dempsey, Kevin Dunn, John Malkovich, Frances McDormand, Ken Jeong, Leonard Nimoy, Peter Cullen

Depois de mostrar que é possível levar ao cinema a história de robôs gigantes alienígenas que já tinha feito muito sucesso como desenho e também no mundo dos brinquedos, Michael Bay já nos traz agora o terceiro longa de Transformers. Nesta franquia, Bay praticamente criou um novo gênero no cinema, que deve ter muitos adeptos em um futuro próximo. Também nos apresentou uma nova tecnologia de efeitos especiais e um novo modelo de ação e batalha cinematográfica.

Transformers: O Lado Oculto da Lua nos mostra os primórdios da guerra entre Autobots e Decepticons em Cybertron, seu planeta natal. Prestes a serem derrotados, os Autobots enviam o seu líder, Sentinel Prime, para lançar a nave "A Arca" do seu planeta, contendo a tecnologia que poderia salvar a sua espécie. Atacada por Starscream, a arca cai na Lua da Terra em 1961.O presidente John F. Kennedy então faz sua famosa promessa de mandar o homem a Lua ainda naquela década. O pouso da NASA na Lua em 1969 é na verdade uma investigação para recuperar os restos da Arca. Na Terra dos dias atuais, Sam Witwicky (Shia LaBeouf) está virando um adulto e sofre com o paradoxo de saber que salvou o mundo duas vezes e não receber nenhum crédito por isso, tendo uma vida comum como qualquer outro. Após se separar de Mikaela (Megan Fox, que deixou a franquia), ele já tem uma nova bela namorada, Carly Spencer (Rosie Huntington-Whiteley), e tem de aturar o chefe ricaço dela, Dylan Gould (Patrick Dempsey). Enquanto isso, os Autobots se ocupam ao saber que há uma nave de Cybertron na Lua e devem pegá-la antes que os Decepticons a encontrem e descubram seus segredos, o que poderia definir o resultado da batalha final entre os Transformers.

Após a decepção que foi Transformers: A Vingança dos Derrotados, esse terceiro filme trouxa a saga de volta aos trilhos. O roteiro é muito bom e traz ao filme uma grandiosidade maior ao apresentar essa batalha interplanetária de grandes proporções. E ao entrelaçar a trama alienígena com um dos grandes acontecimentos da história da Humanidade, a chegada à Lua, o enredo se torna ainda mais interessante.

As cenas de ação intensa estão mais presentes do que nunca. A prova disso é que a hora final é uma enorme guerra cheia de robôs, veículos e prédios destruídos, disparos para todos os lados, pessoas correndo, e muito, mas muito barulho! Michael Bay ficou conhecido por esse tipo de cena, e ele parece não se incomodar em ser rotulado, porque dessa vez ele passou do ponto. As cenas são irretocáveis do ponto de vista técnico, mas acabaram ficando longas demais e exageradas, deixando o espectador até um pouco confuso com o desenrolar da história. Ora, o filme tem mais de 2 horas e meia, quando não necessitaria de mais de 2 horas para ser desenvolvido. É meia hora sobressalente de pura destruição. E chatice.

Mas esse é o único deslize do filme. De resto, ele muito divertido e empolgante, bem parecido com o primeiro. A parte cômica está bastante presente, sem exageros, e Shian LaBeouf está hilário como sempre, assim como John Turturro. Nesse ponto, deve-se destacar a contribuição da dublagem brasileira, dirigida pelo sempre competente Guilherme Briggs (dublador de Optimus Prime), que é um show à parte. Cheia de adaptações e gírias, mas sem errar na mão, as vozes brasileiras não prejudicam quem optou pela versão dublada. Além disso, destaque-se uma maior liberdade nessa dublagem, que além de incluir termos bem brasileiros, tem até palavrões (uau!), um verdadeiro tabu aqui no Brasil.

Os efeitos visuais estão mais uma vez impecáveis, e pode-se dizer que atingiram um nível mais elevado neste filme, que mostra muitas cenas complexas no espaço, além de batalhas cheias de destruição de proporções gigantescas. Basta que se mencione a cena da destruição do prédio por um Decepticon que penetra com seus tentáculos como se agarrasse o prédio por inteiro. Uma pequena falha ocorre no momento em que o presidente Kennedy aparece, no qual eles fazem uma montagem do rosto dele no corpo de outra pessoa, mas o resultado final acabou não ficando muito bom.

Em termos gerais, Transformers: O Lado Oculto da Lua um é filme muito bom e afastou aquele medo de que a franquia desandasse de vez depois do péssimo segundo filme. Só um alerta que deve ser feito caso haja a intenção de fazer mais filmes, é que o modelo usado nos três primeiros é muito parecido, e pode acabar saturando a plateia. Portanto, para continuar, Transformers tem que mudar. Para abrir uma nova trilogia, tem de surgir uma nova ideia, a história tem de tomar novos rumos. Tendo isso, nada pode frear essa saga, pois ela conta com ótimo apelo com o público e muitos recursos. Fiquemos atentos para ver até onde eles vão.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2

Por Juliano Gadêlha


Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2


Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2
Reino Unido/EUA , 2011 - 130 min.
Aventura / Fantasia

Direção:
David Yates

Roteiro:
Steve Kloves

Elenco:
Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Ralph Fiennes, Michael Gambon, Alan Rickman, Matthew Lewis, Evanna Lynch, Helena Bonham Carter, Bonnie Wright, Maggie Smith, Jim Broadbent, David Thewlis, Julie Walters, Mark Williams, James Phelps, Oliver Phelps, Natalia Tena, Emma Thompson, Jason Isaacs, Helen McCrory, Tom Felton, Warwick Davis, Domhnall Gleeson, Clémence Poésy, John Hurt, Geraldine Somerville, Adrian Rawlins, Robbie Coltrane, Gary Oldman, Chris Rankin, David Bradley, Kelly Macdonald, Ciarán Hinds, Hebe Beardsall, Devon Murray, Jassie Cave, Afshan Azad, Anna Shaffer, Georgina Leonidas, Freddie Stroma, Alfie Enoch, Katie Leung, Scarlett Byrne, Miriam Margolyes, Gemma Jones


Acabou. Chegou ao fim a maior saga cinematográfica da história. Pode até não parecer, mas faz mais de dez anos que a Warner aceitou o desafio de transformar os best-sellers de J.K. Rowling em filmes. Na época, muitos duvidavam que fosse possível adaptar com qualidade uma obra tão imaginativa e fantasiosa. Não havia precedentes. Hoje, a pergunta a ser respondida é: eles conseguiram?
Primeiramente, cabe falar sobre este último capítulo cinematográfico da série. Em Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2, Harry, Rony e Hermione continuam a busca pelas horcruxes para derrotar Lord Voldemort, sabendo ele está mais poderoso do que nunca, agora que se apossou da Varinha das Varinhas. Em ritmo intenso, o enredo sai atropelando cena após cena, para chegar ao clímax da saga, momento no qual o filme se permite cenas mais contemplativas, focando na iminência da derradeira luta. Ainda sim, a impressão que se tem é que o filme não passa de um episódio de 40 minutos.
Essa ligeireza e até pressa prejudica um pouco o desenvolvimento da história, o que não deveria acontecer, já que a maior parte do enredo se concentrou na Parte 1. Além do mais, não faria mal uns 15 ou 20 minutos a mais de filme. Melhor ainda, porque não encerrar a saga com um filme de 3 horas, estilo “O Senhor dos Anéis”? Enfim, eles preferiram fazer do último filme o menor de todos, com 2 horas e 10 minutos.
O diretor David Yates teve uma chance de ouro de fazer um grande trabalho com a série Harry Potter, afinal ele dirigiu os últimos quatro filmes. Era a chance de evitar furos no roteiro, inverossimilhança e incompatibilidade entre os filmes. Mas seus erros no e filmes continuaram a se refletir nos dois últimos, e até mesmo entre estes (que são partes de um mesmo) há incongruências. É claro que o roteirista Steve Kloves também tem grande influência nisso. Apesar de ter lidado com o dificílimo trabalho de adaptar os livros, ele também deu umas escorregadas ao longo dos filmes.
O trio principal mostrou mais uma vez que se encaixa perfeitamente em seus personagens. Ainda que se possa questionar sua capacidade de atuação, nada se pode dizer deles como Harry, Rony e Hermione. Só poderemos ter uma ideia mais clara da capacidade de Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson quando os virmos em outras grandes produções, interpretando papéis diferentes, o que não deve demorar. Este filme também abriu mais espaço para grandes atores como Ralph Fiennes, Alan Rickman e Maggie Smith, o que teve uma influência positiva no resultado final.
Os efeitos visuais estão mais uma vez incríveis, principalmente nas cenas derradeiras. Fotografia, figurino, direção de arte e maquiagem mais uma vez são pontos fortes do filme, chegando a ser absurdo que nunca tenham sendo premiados com um Oscar em nenhum dos anteriores.
Apesar dos pontos positivos, o filme comete erros na apresentação da história, assim como muitos dos anteriores. O enredo falha em apresentar a explicação e a origem de alguns eventos, e acaba impondo certas coisas ao espectador. Muito disso pode passar despercebido, mas uma análise mais atenta mostra que vários fatos não fazem sentido.
Por um ângulo diferente, pode-se dizer que esses deslizes de roteiro se deram porque a preocupação maior era em homenagear a saga, os personagens, os fãs. E realmente o filme dá essa impressão de uma grande homenagem, mas isso não impede nem dispensa a realização de um bom filme.
Fazendo um balanço geral, e dado o altíssimo grau de dificuldade de adaptação, a saga Harry Potter foi bem nos cinemas. Em termos de faturamento isso não se discute, afinal foi imbatível, mas em termos de qualidade não pode ser desprezada também. É claro que muitas coisas poderiam ter saído melhor, mas também muito mais poderia ter dado errado. Afinal, não é todo dia que Peter Jackson e “O Senhor dos Anéis” cruzam o nosso caminho.
O último filme, individualmente analisado, fez pouco. Ficou longe do nível da Parte 1, se preocupou em homenagear a saga, o que é bom, mas deixou de lado muitos fatos importantes. Além do mais, não ficou aquele sentimento de adeus, de fechamento de um ciclo. O fim deixou algo em aberto, um certo vazio. Para os fãs mais otimistas, resta pensar que se é assim, é porque não acabou realmente, certo?

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Especial Harry Potter

LinkTudo sobre o maior fenômeno cinematográfico da história.



























Fotos da Estreia d
e Harry Potter e o Enigma do Príncipe em Fortaleza - CE (15.07.2009):



Fotos da Estreia de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 em Fortaleza - CE (19.11.2010):

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada

Por Juliano Gadelha


As Crônicas de Nárnia: A Viagem do Peregrino da Alvorada

The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Treader

EUA , 2010 - 115 minutos
Aventura / Fantasia

Direção:
Michael Apted

Roteiro:
Christopher Markus, Stephen McFeely, Michael Petroni

Elenco:
Georgie Henley, Skandar Keynes, Ben Barnes, Will Poulter, Gary Sweet, Terry Norris, Bille Brown


A adaptação da obra literária de C.S. Lewis, As Crônicas de Nárnia, para o cinema, teve início em 2005, com toda a pompa dos estúdios Disney, e veio prometendo formar um páreo duro com Harry Potter. Mas O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, apesar de ir bem nas bilheterias, não impressionou a crítica. A sequência, Príncipe Caspian, melhorou a parte técnica e acrescentou ação à saga, mas fracassou nas bilheterias. Depois disso, a Disney desistiu de Nárnia, e a franquia passou para as mãos da 20th Century Fox. Ora, se a toda poderosa Disney falhou na tentativa de tornar As Crônicas de Nárnia uma grande saga cinematográfica, quem mais conseguiria? Quem melhor do que a Disney para criar clássicos infato-juvenis? E foi assim, desacreditado, aos trancos e barrancos, que o terceiro filme sobre a terra mágica de Nárnia, A Viagem do Peregrino da Alvorada, surpreendeu a todos.
Um ano após voltarem a Londres depois de sua última aventura em Nárnia, os irmãos Pevensie estão separados. Pedro (William Moseley) e Susana (Anna Popplewell) estão com os pais nos Estados Unidos, e Lúcia (Georgie Henley) e Edmundo (Skandar Keynes) ficaram na Inglaterra na casa dos tios, tendo de aguentar seu insuportável primo, Eustáquio Mísero (Will Poulter). Na casa eles encontram um quadro que retrata um navio em alto mar, e que os faz lembrar de Nárnia. Quando menos esperam, eles acabam arrastados para dentro do quadro, e logo descobrem que estão de volta a Nárnia, pois são resgatados pelo mencionado navio, onde encontram Caspian, agora rei Caspian X (Ben Barnes). Ele está em missão para resgatar sete fidalgos que eram amigos de seu pai, e que foram banidos pelo seu tio usurpador, o rei Miraz. Para isso, eles têm de navegar pelos mares desconhecidos do oriente e enfretar perigos inimagináveis. Além disso, eles (principalmente o rato Ripchip) nutrem a esperança de encontrar o país do poderoso Aslam (voz de Liam Neeson) no extremo oriente, o fim do mundo.
O filme conta com um bom roteiro. Várias mudanças foram feitas em relação ao livro, e foram muito positivas. Os livros de C.S. Lewis não trazem elementos suficientes para um roteiro, então muita coisa tem que ser acrescentada para tornar a adaptação viável. Os filmes anteriores também tiveram de mudar muito em relação aos respectivos livros, mas não obtiveram o mesmo sucesso que esse. Se nos outros os fãs chiaram bastante com as mudanças, nesse não há do que reclamar, pois conseguiram transformar um dos livros menos empolgantes de Lewis no melhor filme da franquia até agora.
Os efeitos visuais são parte importante do filme. Eles estão ainda melhores que em Príncipe Caspian, no qual já eram excelentes. A diferença é que esse filme exige mais. O barco, as criaturas mágicas, os tontópodes, os cenários paradisíacos, e o grande leão Aslam (cada vez mais realista), está tudo impecável. Só o dragão ficou um pouco abaixo do esperado, mais na parte conceitual do que estética, mas nada que comprometa o resultado final. A contribuição da direção de arte é providencial para esse resultado. O figurino, a maquiagem e os cenários dão a tônica do épico e do fantástico.
Até as atuações melhoraram. Para começar, William Moseley e Anna Popplewell, os irmãos mais velhos, quase não aparecem. E não deixam saudades. Sobra mais espaço para Georgie Henley, que vai melhorando à medida em que vai crescendo, e Skandar Keynes, o mais talentoso dos quatro. Ben Barnes, que já havia interpretado de maneira vacilante o príncipe Caspian no filme anterior, aparentemente amadureceu junto com o personagem (agora rei), pois está bem mais seguro no papel. Will Poulter foi a feliz escolha para o papel de Eustáquio. Ele é a cara do personagem. Só de olhar, dá para ver nele aquele menino mimado, arrogante e chato. Fiquemos de olho nele, pois ele deve voltar no próximo filme.
A Viagem do Peregrino da Alvorada é uma boa surpresa. Para quem já não esperava mais nada de Nárnia no cinema, eis a prova em contrário. O filme tem um bom enredo, personagens razoavelmente cativantes e criaturas e cenários de encher os olhos. Tem boas cenas de ação e é divertido de se ver. Mas ainda há detalhes que faltam à franquia. Primeiramente, em nenhum dos três filmes há uma cena realmente emocionante, como há vários filmes do mesmo gênero. Isso é uma carência da própria obra de Lewis, mas para uma adaptação cinematográfica desse tipo se faz necessário acrescentar um teor mais dramático, que mexa com o espectador e que o faça se afeiçoar e se identificar com os personagens. Daí surge um segundo problema, que é justamente o fato de os personagens serem desconhecidos pelo grande público. Por exemplo, todo mundo sabe quem são Harry, Rony e Hermione, e Gandalf e Frodo; mas quem sabe quem são os irmãos Pevensie ou Aslam? Muito poucos. Acaba que só quem leu os livros realmente conhece os personagens. E isso prejudica o desempenho do filme, pois quando o público se identifica com o personagem, vira receita garantida para o filme. E isso tem muito a ver com o carisma dos personagens e com o desempenho dos atores.
Apesar disso, o filme liderou durante várias semanas as bilheterias dos Estados Unidos e de vários países, inclusive do Brasil. A Fox deu declarações de estar satisfeita com o resultado do filme, o que indica que é provável que haja sequência. Ironicamente, vamos torcer para que seja mais Fox e menos Disney.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Tron - O Legado

Por Juliano Gadelha


Tron: O Legado

Tron Legacy
EUA , 2010 - 125 min.
Ficção científica

Direção:
Joseph Kosinski

Roteiro:
Edward Kitsis, Adam Horowitz

Elenco:
Jeff Bridges, Garrett Hedlund, Olivia Wilde, Bruce Boxleitner, James Frain, Beau Garrett, Michael Sheen, Anis Cheurfa, Serinda Swan, Yaya DaCosta, Elizabeth Mathis, Kis Yurij, Conrad Coates, Daft Punk


No fim dos anos 70, Steven Lisberger tentou vender sua ideia inusitada de um filme live-action com elementos de computação gráfica a vários estúdios, até que obteve sucesso com a Disney, cujo próprio criador tinha como lema superar limites e pensar à frente de seu tempo. Tron foi lançado em 1982, e abriu caminho para a computação gráfica no cinema, que inunda os filmes atualmente. Mas a tecnologia limitada da época, cerceou em parte a repercussão do filme entre os espectadores mais novos. Para dar ao mundo de Tron a roupagem do século XXI e fazer jus à obra original, a Disney produziu Tron: O Legado.
Nessa sequência, conhecemos Sam Flynn (Garrett Hedlund), filho de Kevin Flynn (Jeff Bridges), que está sumido há mais 21 anos. Assim como seu pai, Sam é muito talentoso com computadores, e vive pregando peças na diretoria da ENCOM. Alan Bradley (Bruce Boxleitner), antigo amigo de Kevin Flynn, recebe um bipe vindo do velho arcade de Flynn. Sam decide investigar e acaba entrando no mundo virtual em que seu pai vinha trabalhando quando desapareceu.
O primeiro Tron recebeu e ainda recebe duras críticas pelo enredo. A sequencia não é muito melhor nesse quesito. A verdade é que o grande atrativo é ver o mundo virtual criado por Lisberger em 1982 com o melhor da tecnologia que temos hoje. Nesse ponto o filme não deixa a desejar. São cenas belíssimas de computação gráfica, e a tecnologia 3D se encaixou perfeitamente e coopera bastante. É um dos filmes que melhor soube usar o 3D até agora.
Merece destaque a construção do personagem CLU, que é nada mais do que Jeff Bridges vinte e poucos anos mais novo. A tecnologia é semelhante à usada em O Curioso Caso de Benjamin Button para que Brad Pitt parecesse mais jovem. Mas é óbvio que, comparado a Brad Pitt, Jeff Bridges exigiu mais trabalho dos profissionais. Além disso, CLU não é um coadjuvante, ele aparece muito, e interage bastante com os outros personagens, o que torna a utilização dessa tecnologia ainda mais complicada.
As atuações não mercem destaque. É claro que ver um ator consagrado e talentoso com Jeff Bridges é sempre muito agradável. E ele trabalhou bastante nesse filme. Mas de resto, não há muito para se falar. O protagonista, Garrett Hedlund, é apenas razoável, e seu personagem é meio sem sal. O mesmo vale para Olivia Wilde, a Quorra. Quem passou um pouco do ponto foi Michael Sheen. É um ótimo ator, já provou isso em outros filmes, mas exagerou demais na extravagância de seu personagem, o Castor.
Mas não tem como assistir o filme e não prestar atenção á trilha sonora. A música eletrônica da dupla francesa Daft Punk rouba a cena nas principais seqüências de ação. Eles até mesmo participam do filme. São os programas responsáveis pela música na boate do Castor, os DJs da festa.
Tron: O Legado é válido como uma experiência tecnológica, trazendo elementos que o primeiro filme era incapaz de trazer na época. Apesar de aprofundar um pouco o enredo em relação ao original, o roteiro parece um pouco sem rumo, meio perdido, sem objetivo, confuso. O filme tenta satisfazer o espectador com as cenas de ação e com um mundo virtual de encher os olhos. Como disse, foi uma experiência válida. Mas para que haja uma terceiro filme (o que provavelmente vai acontecer) é necessário trazer algo de novo à franquia, algo diferente, que atraia as pessoas ao cinema. Isso implica também trabalhar em um roteiro de qualidade, com uma história mais concatenada. Do contrário, um possível Tron 3 seria apenas um atraso cinematográfico.

domingo, 19 de dezembro de 2010

A Rede Social

Por Juliano Gadelha



A Rede Social


The Social Network

EUA , 2010 - 120 minutos
Drama

Direção:
David Fincher

Roteiro:
Aaron Sorkin, Ben Mezrich (livro)

Elenco:
Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie Hammer, Rooney Mara, Max Minghella, Rashida Jone


A internet finalmente chegou ao cinema como tema central. Mas A Rede Social também pode ser visto como um filme que conta a história de um grande empreendedor, como O Povo Contra Larry Flint e Cidadão Kane. A diferença é que, ao contrário desses filmes, o empreendedor em questão era um universitário de apenas 19 anos quando deu origem à sua grande criação. Estamos falando de Mark Zuckerberg e do Facebook.
Logo no início do filme, o jeito peculiar de Zuckerberg (Jesse Eisenberg) nos é apresentado. Sua fala rápida, seus trejeitos meio mecânicos, e sua visão lógica sobre os relacionamentos dentro da Universidade. É um autêntico exemplar do Sheldon, do sitcom The Big Bang Theory, mas sem caricaturização. Ao contrário de Sheldon, entretanto, Zuckerberg preocupa-se em se integrar socialmente. No diálogo inicial, ele discute com a namorada Erica (Rooney Mara) um meio de ganhar popularidade no campus. Essa busca de integração é a faísca inicial de sua grande criação. Sincero a ponto de ser insensível e estúpido, Zuckerberg acaba transformando essa conversa em uma discussão, e daí surge um dos rompimentos mais estranhos do cinema. A importância dessa cena está em fazer o espectador conhecer o protagonista, sua dificuldade em se relacionar e sua falta de tato, características que terão influência no seguimento do enredo. Mas ele tem amigos. Bem, pelo menos um bom amigo, Eduardo Saverin (Andrew Garfield), que ainda jovem mostrava levar jeito para os negócios, e que era conhecido em Harvard por seus investimentos no ramo do petróleo. Quando Zuckerberg quer por em prática a ideia do Facebook, Saverin entra com o investimento de mil dólares, sendo co-fundador e assumindo o papel de gestor de negócios. Mas os dois mostram visões bem diferentes sobre o futuro do Facebook. Além disso, o interesse de Sean Parker (Justin Timberlake), fundador do Napster, na nova criação acaba afastando ainda mais os dois amigos. Paralelamente, Zuckerberg é acusado de ter roubado a ideia do Facebook dos gêmeos Winklevoss (ambos interpretados por Armie Hammer) e de Divya Narendra (Max Minghella). Zuckerberg consegue a popularidade que queria e muito mais, mas agora tem seu caráter e sua amizade postos à prova.
O excelente enredo é baseado no livro Bilionários por acaso: A Criação do Facebook, de Ben Mezrich. É até impressionante que uma trama de tanta qualidade e apelo tenha saído de um livro de não-ficção. Mas quanto a isso é preciso ter muito cuidado: por mais que falem que A Rede Social é baseado em fatos reais, é preciso se atentar ao fato de que Eduardo Saverin foi um consultor do livro de Mezrich, enquanto Zuckerberg se negou. Portanto, aos mais revoltados que saíram do cinema praguejando contra Mark Zuckerberg, e com pena de Eduardo Saverin, vamos com calma. O que o filme mostra é uma dramatização dos fatos, que pode representar apenas uma versão da história, e que não deve ser interpretada ao pé da letra. Sua função é servir aos fins cinematográficos, e esse objetivo é alcançado com excelência, pois, como se disse, a trama é muito boa e sua adaptação para o cinema foi muito bem feita, mérito do roteirista Aaron Sorkin.
David Fincher reitera mais uma vez seu talento, e é hoje um dos diretores mais competentes de Hollywood. Sua lista de trabalhos é de dar inveja: Clube da Luta, O Quarto do Pânico, Zodíaco, O Curioso Caso de Benjamin Button, entre outros. Fincher é moderno e tem a capacidade de fazer filmes agradáveis de assistir, e que por conseguinte fazem sucesso com o público, mas que também são aclamados pela crítica. Discreto e sempre com bons enredos, ele sabe prender a atenção sem ser espalhafatoso.
O filme conta com um elenco jovem e talentoso. Jesse Eisenberg, já bastante elogiado por seu trabalho em Zumbilândia, encarna Zuckerberg com uma naturalidade impressionante. Apesar da complexidade do papel , ele não deixa a peteca cair. Andrew Garfield rouba a cena como Eduardo Saverin. Os fãs de Homem-Aranha que olharam torto para ele quando foi escolhido para o papel de Peter Parker deve estar mais esperançosos depois de ver esse filme. Até Justin Timberlake se saiu bem. Tudo bem, Sean Parker é a cara dele, mas ele mostrou que leva jeito. Por fim, Armie Hammer, candidato a Superman, mostrou ser muito talentoso no papel duplo dos gêmeos Winklevoss. Ele conseguiu separar muito bem os dois personagens pela diferença de temperamento, o que é muito difícil em se tratando de gêmeos.
A Rede Social é um filme que inevitavelmente vai mexer com os valores das pessoas, com suas concepções de certo e errado e com seu poder de julgamento. O filme derruba a hipocrisia ao apresentar a história nua e crua sem escolher herois e vilões. As pessoas fazem coisas boas e ruins, e os acontecimentos vão se sucedendo. Cabe a cada um interpretar o que acontece como melhor lhe aprouver. Assim ocorre na vida.
A grande satisfação que esse filme traz é saber que o que acontece de verdade no nosso mundo ainda pode render histórias tão boas, de tanta qualidade que mais parecem ter saído da mente de um roteirista especializado em tramas conspiratórias. Quem espera uma bela cinebiografia vai ficar bastante decepcionado. Mas quem estiver esperando originalidade e um enredo bastante dinâmico, vai sair mais do que satisfeito do cinema.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1

Por Juliano Gadelha



Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1

Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1
EUA / Inglaterra , 2010 - 146 min.
Drama / Fantasia / Suspense

Direção: David Yates

Roteiro: Steve Kloves

Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Ralph Fiennes, Helena Bonham Carter, Bill Nighy, Richard Griffiths, Harry Melling, Julie Walters, Bonnie Wright, Fiona Shaw, Alan Rickman, Carolyn Pickles, Toby Jones, Robbie Coltrane, Brendan Gleeson, James Phelps, Oliver Phelps, Mark Williams, George Harris, Andy Linden, Mundungus Fletcher, Domhnall Gleeson, Clémence Poésy, Natalia Tena, Evanna Lynch, Rhys Ifans, Matthew Lewis, David Thewlis, John Hurt

Nove anos se passaram desde o lançamento de Harry Potter e a Pedra Filosofal, o primeiro da mais lucrativa série cinematográfica da história. Como toda adaptação de livro para o cinema, os filmes não agradaram a todos, e aliás, desagradaram a muitos, especialmente aos fãs. Sempre ficava aquela pergunta: porque os filmes de Harry Potter não saem tão bons quanto os de O Senhor dos Anéis? Mesmo nos melhores filmes da saga, parecia que faltava alguma coisa. Ainda assim, o sétimo filme, Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1, o início do fim, veio prometendo mudar essa história. Será que conseguiu?
No penúltimo episódio da saga de Harry, o enredo é bem singular em relação aos anteriores. Para começar, nada de Hogwarts. Harry (Daniel Radcliffe) não volta à escola que frequentou durante seis anos e que durante esse tempo considerou seu verdadeiro lar. Agora ele enfrenta o "mundo real" e se vê cada vez mais exposto e indefeso enquanto o poder de Lord Voldemort (Ralph Fiennes) não para de crescer. O cerco se fecha em torno dele e de seus fiéis amigos Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson), e também de todos aqueles que o tomaram como estandarte na guerra contra "aquele-que-não-deve-ser-nomeado". "Harry é a única esperança que temos. Confiem nele". E parece que toda essa responsabilidade, que durante muito tempo lhe foi um peso inconveniente, agora já é aceita naturalmente por Harry, apesar de muitas vezes ele simplesmente não saber o que deve fazer. Toda essa mudança em relação aos outros filmes é o tão aguardado clímax final da série. Na verdade, se trata ainda de um pré-clímax, pois a parte 1 está, do início ao fim, nos preparando para parte 2.
Desde o Prisioneiro de Azkaban, a crítica (fomentada pelo marketing dos filmes, diga-se de passagem) tem divulgado um "Harry Potter mais sombrio", usando manchetes como "Harry não é mais criança" ou "o bruxinho cresceu", como se a série inteira devesse se ater ao clima mais infantil dos primeiros filmes. O tempo passou e tais manchetes se repetiam filme após filme. Mas sombrio de verdade é esse sétimo filme. Harry, Rony e Hermione nunca enfrentaram perigos tão intensos e nunca vivenciaram situações tão críticas como agora. Eles estão sendo postos à prova como pessoas, como bruxos e como amigos.
Entretanto, esse clima sombrio poderia ter sido intensificado. A conjuntura pede isso, o momento pede isso. Em algumas cenas, quando se espera uma explosão dramática dos personagens, o máximo que se tem é um silêncio constrangedor, um rosto vazio, olhares para o nada. Mais do mesmo. Isso já foi visto, e bastante, nos anteriores. Esse filme teve a oportunidade de se destacar ainda mais dos outros. Faltou radicalizar um pouco, explorar a emoção dos atores, fazer cenas realmente à flor da pele. Às vezes isso ocorre por deficiência do ator, mas muitas vezes é falha no roteiro mesmo, que não exige deles um pouco mais na cena. Oportunidades não faltaram. Ao longo do filme, várias cenas poderiam ter sido mais bem exploradas visando dar ao filme um ar de verdadeiro filme de drama.
Há, é claro, momentos emocionantes, mas também há momentos bobos, tolos demais para pertencer a um filme de teor dramático tão profundo. Assim como em A Ordem da Fênix e O Enigma do Príncipe, também de David Yates, há muitas cenas de humor forçado, neste menos que nos outros, mas que destoam ainda mais devido à constante sensação de perigo que abate os personagens.
O filme começa bastante corrido. A primeira hora segue um ritmo alucinante, até atropelado, deixando algumas passagens mal explicadas ou mesmo sem explicação. Quem não leu o livro vai ficar um pouco perdido. Depois, o filme dá uma enorme desacelerada e começa a se arrastar, sem lutas, sem cenas exaltadas. Os personagens analisam sua situação e pensam no que virá a seguir. Muitos vão considerar essa parte do filme bastante chata. Mas ela foi, na verdade, muito benéfica para o filme, pois conseguiu captar perfeitamente o momento pelo qual os personagens estavam passando. Nessa fase, há uma cena bastante interessante. Ouvimos o rádio, e o locutor lista os nomes dos desaparecidos, enquanto acompanhamos os três amigos perambulando, aparatando e desaparatando de um lugar para o outro, meio perdidos, sem saber para onde ir. Quem vê essa cena isolada nunca imaginará que se trata de um filme de Harry Potter. Mais parece um filme de guerra em que as pessoas aguardam, ansiosas, notícias de seus familiares. Essa é a intenção, e o resultado foi ótimo. Depois dessa pausa, o filme volta a ganhar ritmo, e o suspense e a ação tomam conta até o momento final.
Essa continuação sofre por erros cometidos nos anteriores. Muitos fatos importantes foram deixados de lado nos outros filmes, e tiveram de ser colocados às pressas neste, que já está abarrotado de informações. Mais uma vez quem não leu o livro vai ficar um pouco perdido. O prejuízo foi inevitável, mas a desgraça era anunciada. É claro que muita coisa ainda pode ser explicada na parte 2. Aliás, muito tem de ser explicado na parte 2, do contrário o filme estaria apenas soltando informações à toa sem maiores cuidados com a verossimilhança e com alógica do enredo. Aguardemos.
A atuação do trio de protagonistas não tem nada de novo. Daniel Radcliffe, como sempre, está apenas razoável. Mas, mesmo assim, o personagem parece estar tão intimamente ligado a ele, que seja lá o que o ator faça, ele parece bastante convincente como Harry. Rupert Grint é um pouco melhor que ele, e aparenta levar mais jeito como ator. Emma Watson já provou ser melhor que os dois, e, apesar de estar presa aos cacoetes da sua personagem, tem uma carreira promissora. Destaque para as curtas mas sempre valiosas participações de Ralph Fiennes, Alan Rickman, Jason Isaacs e Helena Bonham Carter.
A parte visual, como de costume, está impecável. O elfo doméstico Monstro está excelente, apesar de ter havido um certo retrocesso com relação a Dobby, comparado com o de Harry Potter e a Câmara Secreta. Destaque também para a excelente animação do "Conto dos Três Irmãos". A fotografia ficou a cargo do competentíssimo Eduardo Serra, que não decepcionou. Faltou um pouco de força e vigor à trilha sonora de Alexandre Desplat, e os famosos temas de John Williams fizeram falta. A boa notícia é que o compositor norte-americano retorna na parte 2.
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 segue a tradição da série de faturar alto. Foram cerca de US$ 330 milhões no fim de semana de estréia ao redor do mundo, recorde da franquia. Mas o filme, em si, rompe com os outros em questão de estilo. Inevitável, pois a trama exige esse rompimento. Mas percebe-se uma certa resistência com relação a essa mudança natural, uma tentativa de incluir elementos dos anteriores nesse, o que foi bastante prejudicial. Mas isso não macula por completo o filme, que ainda assim é um dos melhores da série, graças à riqueza da trama, tão intensa e profunda, créditos que devem ser dados à obra que serviu de inspiração. Entretanto, permanece o sentimento de que Harry Potter pode mostrar mais nos cinemas. O sonho dos fãs de ver essa obra-prima da literatura transformada em uma obra-prima do cinema ainda não acabou. Resta uma chance. Será que agora vai?

 
© 2007 Template feito por Templates para Você