domingo, 19 de setembro de 2010

Nosso Lar


Nosso Lar

Brasil , 2010 - 102 min.
Drama

Direção:
Wagner de Assis

Roteiro:
Wagner de Assis

Elenco:
Renato Prieto, Fernando Alves Pinto, Rosanne Mulholland, Inez Viana, Rodrigo dos Santos, Werner Schünemann, Clemente Viscaíno, Othon Bastos, Ana Rosa, Paulo Goulart


A histórias que envolvem religião sempre atraíram muito as pessoas aqui no Brasil. O espiritismo parece ser a temática que mais desperta curiosidade. E não é de hoje. Primeiro foram as novelas, como A Viagem, O Profeta, e até mesmo agora com Escrito nas Estrelas. De uns anos para cá, essa tendência chegou ao cinema, se mostrando uma excelente forma de arrastar muita gente para as salas. Em 2008, Bezerra de Menezes, e esse ano Chico Xavier e Nosso Lar. Espíritas convictos ou apenas curiosos ou simpatizantes, as pessoas vão ao cinema para ver essas histórias.
Nosso Lar baseia-se na obra homônima de Chico Xavier, a primeira da coleção A Vida no Mundo Espiritual, composta pelas histórias atribuídas a André Luiz. André (Renato Prieto) era um médico brasileiro da década de 20, um homem sério e solene, como muitos de sua época, que trabalhava muito, e pouco tempo tinha para sua família. Apesar de atender a alguns pacientes com má vontade, todos o consideravam um bom homem, inclusive ele próprio. Até que, de repente, a morte lhe acometeu, e ele se deu conta de que a realidade era diferente. Ele foi parar em um Umbral, um local de dor e sofrimento, onde pôde refletir sobre suas atitudes em vida, e perceber que não agira de acordo com a Vontade Divina. O arrependimento o salva, e ele é levado à colônia de Nosso Lar. Lá ele se regenera, e se depara com uma realidade que jamais imaginou. Encontra uma espécie de mundo futurístico, mas onde as coisas que têm valor na Terra pouco importam. Suas habilidades e seu status de médico de nada servem. Só as atitudes, como a bondade e a compaixão, têm importância. André Luiz percebe que não é o bom homem que achava, e que tem muito a melhorar ainda.
Logo de cara, chama a atenção a beleza visual do filme. O nível de efeitos visuais e fotografia é inédito no Brasil. É, mas essa parte ficou a cargo dos gringos. O suíço Ueli Steiger, que também trabalho em 10,000 a.C. e em O Dia Depois de Amanhã, é o diretor de fotografia. Os efeitos foram desenvolvidos pela Intelligent Creatures, responsável também por filmes como Watchmen, Babel e Sr. & Sra. Smith. A trilha sonora é do compositor americano Phillip Glass. Essa qualidade sem precedentes custou caro. O filme teve orçamento de R$ 20 milhões, recorde no país. É o preço do cinema bem feito.
O elenco traz atores famosos da TV e do cinema, como Othon Bastos, Paulo Goulart e a recordista de novelas Ana Rosa, e também atores menos conhecidos, como Fernando Alves Pinto, o grande destaque do filme no papel de Lísias. Curiosamente, Renato Prieto, que interpreta o protagonista, é um dos menos experientes no cinema. Sua carreira é mais voltada para o teatro, tendo ele já encenado a peça Nosso Lar. Às atuações cabe uma crítica que vale para o cinema brasileiro em geral. Nós ainda temos um padrão de atuação muito teatralístico no cinema, quando deveríamos ter um modelo independente. A tragicomédia do teatro leva ao extremo dramático as emoções, e passar isso para o cinema é muito prejudicial. E não só no teatro, mas nas novelas também acontece assim. O cinema exige muito mais correspondência com a realidade do que o teatro. Portanto, levar a atuação teatral para o cinema deixa transparecer a inadequação e o exagero. Necessário, pois, desgarrar-se a atuação cinematográfica da teatral. Esse movimento já começou em filmes como Central do Brasil, Cidade de Deus e Tropa de Elite, em que a naturalidade dos atores melhora vertiginosamente a qualidade do filme. Não por coincidência, esses são três dos melhores filmes brasileiros dos últimos tempos.
O enredo é muito bem explorado. O diretor e roteirista Wagner de Assis conseguiu contar a história de maneira agradável e acessível até aos menos entendidos do assunto, o que é a grande preocupação nesse tipo de filme, ou seja, alcançar todos os públicos. Não cometeu os erros de Bezerra de Menezes, por exemplo, que mesmo tendo uma boa história em mãos, não passou de um roteiro confuso e entediante.
O filme tem sido arrasador nas bilheterias. Com menos de duas semanas em cartaz já havia arrecadado cerca de R$ 16 milhões, pouco menos que o aclamado A Origem, que já está há seis semanas em cartaz no Brasil. No ano, o filme só está atrás de Chico Xavier entre as produções nacionais, e a tendência é que logo cubra o seu orçamento recorde. O sucesso com o público também é mostrado na enquete do Ministério da Cultura para o Oscar 2011. Concorrendo com mais de 20 filmes, Nosso Lar tem cerca de 73% dos votos.
Nosso Lar é uma bela realização nacional. Quebrou barreiras e surpreendeu muita gente. Passa uma bela mensagem ao espectador, independentemente de sua crença, pois a história de vida (e morte) apresentada é uma lição para qualquer um. E é muito bom ver um filme brasileiro de tão boa qualidade, comparável a alguns filmes hollywoodianos (o "além" de Nosso Lar é bem melhor que o de Amor Além da Vida). Esperamos que esse seja o primeiro de muitos, e que cada vez mais os filmes daqui passem a prezar pela parte técnica, pois nossos profissionais já mostraram em produções anteriores a qualidade de seu trabalho. Que assim seja.

domingo, 5 de setembro de 2010

Parabéns, CineMatuto!


Pois é, hoje o CineMatuto completa 2 anos de vida! Tem sido uma experiência maravilhosa para nós do blog e espero que também para os que nos acompanham. Só temos a agradecer a vocês, que participam e nos ajudam a melhorar sempre. Agradecemos também aos nossos parceiros da blogosfera, loucos por cinema como nós: Polêmica Filmes, Cenas de Cinema, Cova do Urso e Cinestesia. E um agradecimento especial ao nosso amigo Diego Cavalcante, criador do nosso logotipo.
Nosso blog é tão novo, e já nos proporcionou tantos bons momentos. Desejamos que muitos mais venham pela frente, e convidamos todos os amantes do cinema para seguirem nessa jornada conosco.

Muito obrigado!

Juliano Gadêlha

 
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