quinta-feira, 16 de julho de 2009

Harry Potter e o Enigma do Príncipe



Harry Potter e o Enigma do Príncipe

Harry Potter and the Half-Blood Prince
EUA/Inglaterra, 2009 - 153 min
Aventura / Drama / Fantasia

Direção:
David Yates
Roteiro: Steve Kloves
Elenco: Daniel Radcliffe, Michael Gambon, Jim Broadbent, Rupert Grint, Emma Watson, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Tom Felton, Bonnie Wright, Jessie Cave

Após ser adiado em novembro de 2008, finalmente ocorreu o lançamento do sexto filme da série Harry Potter, um dos mais esperados do ano, nesta quarta feira, 15 de julho. Mais uma vez sob a direção do inglês David Yates, o novo filme mostra o poder sombrio de Lord Voldemort mais forte ainda, pois ele, através de seus seguidores, começa a realizar atentados tanto no mundo bruxo como no dos trouxas. Harry ainda sofre com a traumática perda de seu padrinho, Sirius Black, e se vê apontado por muitos do mundo bruxo como "O Eleito", o único que capaz de derrotar Voldemort. Ele também é imcubido de uma importante tarefa por Dumbledore, e o futuro de todos depende do sucesso dessa tarefa. Draco Malfoy passa a despertar uma grande suspeita em Harry, que passa vigiá-lo por achar que ele se tornou um Comensal da Morte. Fora isso, surgem muitos romances na trama, o que gera também algumas crises de ciúmes, fortalecendo o drama adolescente na série.
A volta de Steve Kloves á série se mostrou muito benéfica. Mais uma vez, assim como havia feito no quarto filme, ele soube aparar bem as arestas e criar um enredo com nexo interno. A história é ágil (não há outra alternativa em se tratando de um enredo longo), mas ninguém se perde, pois ele deu mais simplicidade ao enredo, o que o tornou bem agradável. Ele trouxe também algumas inovação em relação ao livro que permitiram ao filme perder menos tempo. Já outras se mostraram desnecessárias e até prejudiciais ao filme. Por exemplo, em duas cenas (uma no início e outra no fim), Harry tem de se esconder para ouvir uma conversa ou simplesmente ver uma cena. Enquanto no livro ele usa a Capa da Invisibilidade, no filme ele sobe em telhado em uma das cenas e na outra esconde-se embaixo da escada, opções essas que acabam sendo mais dificultosas e menos úteis à história. Vejam bem, o que se critica aqui não é a falta de fidelidade ao livro, mas sim a escolha da maneira de se fazer a cena, que se mostrou pouco prática no filme e prejudicial ao enredo, pois para os mais atentos ficará óbvio no seu decorrer que ambas as cenas deixaram escapar detalhes que serão exigidos mais à frente. Outra adição ao filme que me parece inexplicável é o ataque à Toca. Essa cena simplesmente não acrescenta nada ao filme! Com ela, eles pareciam querer sanar a falta da cena final de combate em Hogwarts que ficou de fora. Era simplesmente o clímax da história. Mas devemos também esclarecer que algumas cenas que ficaram de fora deste filme, podem já ter aparecido no anterior ou aparecerão no próximo.
Sempre defendi a volta de Mike Newell para os outros filmes, após o bom trabalho que ele fez em O Cálice de Fogo. Porém, David Yates provou que também sabe fazer um filme divertido. Até demais. O filme é repleto de cenas engraçadas, piadinhas soltas e momentos constrangedores para os personagens. A maioria realmente contribue para o filme. Mas de vez em quando, sai meio forçado. Mas a grande mudança trazida para esse novo filme é um teor dramático bem mais forte que nos outros. É tão perceptível que em certas cenas você pensa estar assistindo a um filme de drama. Diante dos acontecimentos, essa mudança era necessária. No quinto, ficaram devendo. No sexto, acertaram as contas.
Pegando o gancho dessa importante virada dramática na série, falemos daqueles que têm grande participação nisso. Daniel Radcliffe está surpreendente. Para quem estava acostumado com ele fazendo o velho "feijão-com-arroz" nos últimos filmes, terá uma boa surpresa neste. Bem mais natural, bem menos previsível. Algumas cenas simbolizam melhor isso, como quando Harry persegue Belatrix e Snape, e a divertidíssima cena com o Professor Slughorn e Hagrid, depois que Harry tomou a poção Felix Felicis. Como vemos, são cenas bem diversas, uma mais dramática e outra mais cômica, o que demonstra uma certa versatilidade. Rupert Grint e Emma Watson, depois de ficarem bem aquém do que se esperava no filme anterior, tiveram talvez a melhor atuação até aqui. Rupert parece bem mais solto no personagem e Emma fugiu um pouco da mesmice dos outros filmes. O grande fator que explica essa melhora no trio principal é a diversificação de tipos de cena, e, no caso dos dois últimos, o maior destaque na trama, o que não ocorreu no anterior, já que o próprio livro os deixava um pouco de lado. Mas se há que se destacar alguém, que seja Tom Felton. Ele, que até agora vinha tendo aparições cada vez menores nos filmes, mas sempre consistentes, provou seu talento neste. Sem a aparição de Voldemort, Draco é o centro das atenções do "lado do mal" no filme. Ele recebe uma missão e tem de cumpri-la custe o que custar. Felton encarna com perfeição o jovem bruxo que, diante de tamanha responsabilidade, se vê, ao mesmo tempo, decidido e hesitante. Apesar de tudo, ele não parece ser realmente capaz de cometer o grande mal. Bonnie Wright também ganha espaço com sua personagem Gina. Apesar de não ser excelente atriz, ela consegue dar conta do recado. Michael Gambon e Alan Rickman continuam impecáveis em seus personagens, nessa trama que é crucial para ambos. Helena Bonham Carter também está excelente como Belatrix Lestrange, assim como Jim Broadbent, o excêntrico Professor Horácio Slughorn.
Neste sexto filme, recorreu-se menos aos efeitos visuais, mas estes estão presentes em algumas cenas, como a queda da ponte e o quadribol, que está bem melhorado e mais realista. Direção de Arte e Fotografia mantêm a qualidade dos antecedentes e a trilha sonora é novamente de Nicholas Hooper, um dos maiores compositores britânicos.
Mal foi lançado e Harry Potter e o Enigma do Príncipe já bate o recorde de maior bilheteria para um lançamento à meia-noite no meio de semana, com US$ 22,2 milhões só nos EUA, superando filmes como Batman - O Cavaleiro das Trevas e Star Wars - Episódio III.
Harry Potter e o Enigma do Príncipe trouxe de volta a esperança de que a série pode render bons filmes, não só com bons enredos, mas também divertidos. Apesar de certos exageros, algumas cenas desnecessárias e algumas cenas importantes ficando de fora, o sexto filme da série é um bom filme. Só nos resta esperar que ele seja apenas um aquecimento pra o que está por vir nos dois últimos capítuloas da saga.

Veja as fotos da estréia de Harry Potter e o Enigma do Príncipe em Fortaleza


terça-feira, 14 de julho de 2009

Harry Potter e a Ordem da Fênix





Harry Potter e a Ordem da Fênix
Harry Potter and the Order of the Phoenix
Inglaterra/EUA - 138 min
Ação/Aventura/Suspense/Fantasia

Diretor: David Yates

Roteiro: Michael Goldenberg

Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Michael Gambon, Robbie Coltrane, Gary Oldman, Ralph Fiennes, Alan Rickman, Imelda Staunton, Evanna Lynch, Emma Thompson, Katie Leung, John Isaacs, Tom Felton, Fiona Shaw, David Thewlis, Helena Bonham Carter

Marcando o fim do troca-troca de diretores na cinessérie, Harry Potter e a Ordem da Fênix mostra o quinto ano de Harry (Daniel Radcliffe) após ter descoberto que era um bruxo. O garoto é levado à julgamento para saber se será ou não expulso da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts por ter utilizado feitiços fora da escola e na presença de um trouxa. Fora isso, ele toma conhecimento da Ordem da Fênix, um grupo que combate Lord Voldemort (Ralph Fiennes) formado por bruxos, em sua maioria já conhecidos dele, e liderados por Dumbledore (Michael Gambon) e descobre que o Ministério da Magia está intervindo no ensino de Hogwarts para tentar conter os boatos de que o Lord das Trevas retornara.
O roteiro é assinado por Michael Goldenberg (Peter Pan), o único da série que não pertence a Steve Kloves (Harry Potter e o Cálice de Fogo) e, coincidência ou não, é o pior da série. São realizados muitos cortes da história original, mas quem dera esse fosse o maior problema. O pior é a essência do roteiro, o que há de mais básico nele: os diálogos. São várias frases interminadas, conversas sem o menor nexo, assuntos pela metade, como se você estivesse chegado no cinema na metade de uma cena e perdido o assunto. As explicações são vagas e um bom exemplo disso é uma sequência do clímax: a morte de Sirius Black (Gary Oldman) conseguiu ficar mais mal-explicada do que no livro, o que é muita coisa. O personagem é atingido por um avada kedavra, não morre na hora e é envolvido pelo véu. Outros feitiços que são mal utilizados pelo filmes são levicorpus (deveria ser um feitiço não-verbal que erguia a vítima pelos calcanhares desconhecido por quase todos), estupefaça (deveria lançar a vítima a uma certa distância e deixá-la desmaiada ou estuporada até que o contra-feitiço enervate fosse utilizado) e priori incantatem (ocorre somente entre duas varinhas irmãs, como a de Harry e Voldemort, mas no filme ele também ocorre entre este último e Dumbledore).
A parte visual do filme, apesar de melhor que o roteiro, não faz juz aos filmes anteriores. Os efeitos gráficos são parcialmente bons. Os seres animados como Grope, os testrálios e os centauros são típicos de animações realizadas totalmente em computação gráfica como A Lenda de Beowulf (Robert Zemeckis) e Resident Evil: Degeneração (Makoto Kamiya): apesar de ótimos, possuem grande contraste quando colocados junto a pessoas, no caso, os atores. Os outros efeitos gráficos se mantêm excelente, com algumas exceções.
A montagem do filme é bastante ruim. O problema é que o diretor David Yates (The Girl in the Café) parece adorar o uso da tela azul e abusa da técnica, o que torna o filme repleto de cenários falsos e que possuem essa caracterísitca bastante perceptível, por sua baixa qualidade. É possível ver até o reflexo azul no contorno dos atores, o que não faz muito sentido para um filme que teve o custo de 150 milhões de dólares (o grandioso Transformers custou 147 milhões). Já a fotografia é excelente, provavelemente a melhor da série até aqui. São ótimas tomadas marcadas por focar as reações de mais de um personagem a uma determianda situação. Os cenários também continuam maravilhosos, com destaque para o incrível Ministério da Magia. A Hogwarts se mantém a mesma desde o terceiro filme, com uma mudança neste filme: lembra do pêndulo que ficava à entrada do castelo? Agora ele fica no Salão Principal e, pasmem, ele desaparece em determiandas cenas (?!)
A atuação da série tem várias perdas e vários ganhos nesse filme. Daniel Radcliffe (O Alfaiate do Panamá) tem sua melhor atuação da série, muito boa eu diria, mas que poderia ser ainda melhor se este interpretasse o Harry nervoso e brigão descrito no livro. Em cenas em que Harry deveria chutar e quebrar coisas, ele fala calmamente. Em uma entrevista, Daniel disse que não via um Harry com raiva nessas passagens do livro. Detalhe: o personagem principal, durante essas passagens, quebra coisas, xinga, tem suas falas todas em letras maiúsculas e é descrito pela autora como furioso. Sem comentários.
Michael Gambon (A Profecia), intérprete do sábio Professor Dumbledore, continua muito bem no papel, mas com uma falha considerável. Ele faz um Dumbledore muito vulnerável, o que pode ser notado no épico duelo entre Dumbledore e Voldemort (uma ótima cena, por sinal), quando o professor demonstra medo ao enfrentar o Lord, o que não deveria acontecer. Dumbledore em nenhum momento sente dificuldade na luta, pelo contrário, permanece sereno como sempre, pois sabe que Voldemort não pode derrotá-lo, e isso fica bem claro na obra escrita por Rowling. Outras duas atuações que decaem são as de Rupert Grint (Lições da Vida) e Emma Watson (O Corajoso Ratinho Desperaux). Os fiéis amigos de Harry não parecem ter tanta importância, principalmente Rony, que não é mais tão característico como antes, mas a grande causa disso é o roteiro (tão mal-elaborado que chega a manter um personagem que não existe no original, Nigel, chegando a dar mais importância a ele do que a outros, sendo estes presentes nos livros).
Depois disso, a atuação do filme tem enormes ganhos como Imelda Staunton (Nanny McPhee - A Babá Encantada), que se torna a melhor atriz do filme ao interpretar Dolores Umbridge, e Helena Bonham Carter (O Exterminador do Futuro: A Salvação), que interpreta a prima de Sirius e que consegue passar perfeitamente para as telas a loucura que possui um Comensal da Morte e ex-prisioneiro de Azkaban.
No fim, pode-se concluir que Harry Potter e a Ordem da Fênix é, com certeza, o pior filme da série. Goldenberg escreveu um péssimo roteiro e, para o bem da série, não continuará nas próximas sequência, que terão o retorno de Steve Kloves. David Yates também não se saiu bem neste filme, mas volta nos outros três, com uma melhor equipe e maior fidelidade aos livros, espero. O mais incrível é que grande parte da crítica achou o filme ótimo e eu, sinceramente, não sei como. O problema é que têm falado o mesmo de Harry Potter e o Enigma do Príncipe, que estreia daqui há alguns minutos. Só espero que as opiniões nãos se oponham de novo.

sábado, 11 de julho de 2009

Harry Potter e o Cálice de Fogo




Harry Potter e o Cálice de Fogo
Harry Potter and the Goblet of fire
Inglaterra/EUA, 2005
Suspen
se/Ação, 157 min.

Direção
: Mike Newell
Roteiro: Steven Kloves

Elenco:
Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, James Phelps, Oliver Phelps, Bonnie Wright, Jeff Rawle, Robert Pattinson, Jason Isaacs, Tom Felton, Stanislav Ianevski, Robert Hardy, David Tennant, Katie Leung, Robbie Coltrane, Michael Gambon, Devon Murray, Warwick Davis, Frances de la Tour, Angelica Mandy, Clémence Poésy, Maggie Smith, Alan Rickman, Brendan Gleeson, Ralph Fiennes, Miranda Richardson, Gary Oldman.


Em novembro de 2005, chega às telonas o quarto filme da série Harry Potter, sob a direção do inglês Mike Newell, o terceiro diretor diferente a passar pela série. O enredo trata de um ano atípico na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, pois ela será sede do Torneio Tribruxo, que envolve alunos de duas outras escolas bruxas, além de Hogwarts. No meio disso, coisas estranhas começam a acontecer com Harry. Ele passa a ter pesadelos esquisitos, e é escolhido para participar do Torneio, o que deveria ser impossível, já que é menor de idade. Isso tudo ajudando a aumentar a sombria atmosfera que se cria pela possível volta de Lord Voldemort. Há também muitos atrativos no filme, como a Copa Mundial de Quadribol e o Baile de Inverno, muito aguardados pelos fãs.
Harry Potter e o Cálice de Fogo é, provavelmente, o mais divertido de se assistir da série. São 2 horas e 37 minutos que passam voando. A seqüência de eventos importantes prende a atenção de quem assiste, sem confundir nem entediar. Nesse ponto, créditos para o roteirista Steven Kloves (que aparentemente errou na dose em Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban) e para o diretor Mike Newell. Este é uma das boas novidades do filme. Diretor de Quatro Casamentos e um Funeral e O Sorriso de Monalisa, Newell foi muito importante para esse filme. Ele ajudou muitos dos atores a ter mais naturalidade em suas cenas, isso nós podemos acompanhar nos bastidores. É o estilo de diretor mais participativo, que não só diz o que fazer, mas às vezes também mostra como fazer. Também mostrou que sabe trabalhar bem com atores adolescentes, e isso se reflete no filme, que pela primeira vez na série aborda mais a problemática jovem, expondo os alunos da escola a situações mais próximas do nosso cotidiano. Afinal, apesar de bruxos, eles são jovens como quaisquer outros que conhecemos. Isso rendeu muitas cenas divertidas. E aí está mais uma qualidade do diretor, qual seja saber montar cenas bem-humoradas e, mais que isso, tornar o filme agradável, um filme que todos queiram ver.
O quarto livro da série Harry Potter, no qual se baseia o filme, possui um enredo bastante longo, o que representa uma grande dificuldade para a adaptação. Mas nesse caso específico podemos dizer que o saldo é positivo, pois o livro possui muitas partes não muito importantes e que poderiam tornar o filme desinteressante. Ressalve-se que o filme poderia ser mais explicativo no que diz respeito à história de Bartô Crouch Jr. (David Tennant) e mais detalhista em relação ao desenrolar de alguns fatos atinentes à trama principal, o que significaria incluir alguns personagens que ficaram de fora, como a elfa doméstica Winky. Mas, de um modo geral, podemos dizer que a adaptação obteve êxito, pois os fatos mais importantes foram mantidos, e as alterações que ocorreram encontram nexo dentro do próprio filme, o que é mais importantes. Analisando dessa maneira, é inevitável a pergunta: por que Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban não conseguiu o mesmo sucesso em termos de roteiro, sendo que sua adapatação era teoricamente mais fácil por ter um enredo bem menor? Boa pergunta. Daí podermos dizer que o quarto filme é um exemplo de boa adaptação de um grande enredo para o cinema. David Yates deveria ter aprendido a lição quando foi fazer o quinto filme. Mas isso é história para os próximos capítulos...
Nesse filme, também é perceptível uma boa melhora no trio principal de atores. Daniel Radcliffe pode não ser um ator espetacular, mas é bem esforçado e, assim como dizem todos que trabalham junto com ele, parece muito dedicado no que faz. Além do mais, para o papel de Harry Potter ele está bem demais. O personagem já está incorporado nele, mas nada se pode presumir do seu futuro pós-Harry. O papel de Rupert Grint cresce um pouco nesse filme e sua atuação é regular, assim como nos outros filmes. Emma Watson ainda dá mostras de ser a mais talentosa dos três, mas sua atuação tem ficado bastante repetitiva no decorrer dos filmes. Os veteranos Michael Gambon, Robbie Coltrane, Maggie Smith e Alan Rickman estão, mais uma vez, excelentes em seus papáeis. Faço apenas uma ressalva à atuação de Michael Gambon, com relação à cena em que ele avança furioso em direção a Harry, após este ser escolhido pelo Cálice de Fogo para participar do Torneio Tribruxo. Dumbledore não deveria se exaltar, ele permanece sempre calmo e sereno. Quanto aos novatos Robert Pattinson (Crepúsculo), Stanislav Ianevski e Clémence Poésy, digamos que no filme eles nem precisam falar. Eles estão lá mais para ser vistos, é a imagem deles que importa, os olhares, os gestos. São ícones. Brendan Gleeson é uma boa adição à série e está perfeito no papel do professor Olho-Tonto Moody. Mas o grande destaque entre os atores é Ralph Fiennes, que interpreta o tão ansiosamente aguardado vilão Voldemort. Ele só aparece em uma cena, no final do filme, mas é o bastante. É um personagem difícil, mas parece ter sido feito para Fiennes. Ele cria todo um gestual para o personagem e o que mais chamou atenção (inclusive de quem o convidou pra o papel) foi o seu olhar penetrante e cruel. Podemos dizer que Ralph Fiennes ajudou a criar a imagem de Voldemort na mente de muitos leitores.
O filme também contou com os melhores efeitos visuais da série até então. Isso é provado em diversas passagens do filme: o gigantesco e sem precedentes estádio da Copa do Mundo de Quadribol, o feroz dragão Rabo-Córneo Húngaro, o labirinto, a surpreendente cena no lago, etc. Como tradição da série, destaque também para os cenários e para a Direção de Arte como um todo. Além disso, a fotografia melhorou muito em relação ao terceiro filme. A trilha sonora, pela primeira vez, não ficou a cargo do consagrado John Williams, por problemas de calendário. Patrick Doyle o substituiu.
Harry Potter e o Cálice de Fogo arrecadou US$ 895 milhões pelo mundo todo, sendo a maior bilheteria de 2005 e a 12ª de todos os tempos. Concorreu ao Oscar de Melhor Direção de Arte, ao BAFTA de Melhores Efeitos Especiais, Melhor Maquiagem e de Melhor Desenho de Produção, do qual foi vencedor. Da série, é filme que melhor soube superar as dificuldades da adaptação, mostrando equilíbrio entre fidelidade à obra original e originalidade. Mike Newell fez um filme não só para fãs, mas para todos gostarem. Diante desse contexto, é realmente uma pena que ele não tenha voltado no quinto filme. Coisas do cinema.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban



Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
Harry Potter and the Prisoner of Azkaban
Inglaterra/EUA, 2004 - 142 min
Ação/Aventura/Fantasia

Diretor:
Alfonso Cuarón

Roteiro:
Steve Kloves

Elenco:
Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Tom Felton, Michael Gambon, Alan Rickman, Robbie Coltrane, Gary Oldman, Maggie Smith, David Thewlis, Fiona Shaw, Emma Thompson, Timothy Spall

Com a decisão de Chris Columbus (Esqueceram de Mim) de não mais dirigir os filmes da série Harry Potter, a direção de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban ficou com o mexicano Alfonso Cuarón (E Tua Mãe Também), o que criou grandes esperanças entre os críticos de uma melhora significativa para a série.
Neste filme, Harry Potter (Daniel Radcliffe) se depara com a ameaça de que Sirius Black (Gary Oldman), um seguidor de Lord Voldemort, escapara de Azkaban - a prisão dos bruxos, de onde ninguém nunca havia conseguido fugir - depois de 12 anos preso e está atrás do garoto para matá-lo. Não se engane, pois a história apenas parece ser simples. Aos poucos, mistérios vão sendo criados e resolvidos, tornando a trama principal cada vez mais densa e sombria. Ou pelo menos deveria ser assim.
O problema é que o roteiro corta informações preciosas do livro que não custariam mais que duas ou três falas a mais para cada uma delas, mas que fariam uma enorme diferença para o enredo. Por exemplo: quem são os criadores do Mapa do Maroto? Qual a ligação entre Lupin, Sirius, Tiago e Pedro Pettigrew? Porque Snape os odeia tanto? Todas estas questões e mais algumas poderiam ser explicadas em uma única cena: a da Casa dos Gritos. Também não dá para entender porque este filme tem menor duração que o segundo, se é o que possui mais conteúdo entre os três primeiros.
A segunda sequência da série é marcada pelas mudanças. Os cenários não são mais exatamente os mesmos: o castelo de Hogwarts lembra uma catedral e possui um relógio com um pêndulo gigantesco na entrada (?); a localização da cabana de Hagrid e de outras construções dos terrenos da escola mudaram; e algumas áreas internas ao castelo estão diferentes. A fotografia também muda: antes muito iluminada, cores bem vivas, a câmera possuía deslocamentos suaves; neste filme, Cuarón usa algo bem ao seu estilo, atmosfera mais sombria, escura, imagem embaçada quando com presença de movimentos rápidos (normalmente usada para disfarçar cortes e efeitos especiais), sequências longas e sem cortes. Neste aspecto, as melhoras são sobrepostas pelas perdas. O filme passa a lembrar produções europeias independentes, o que pode ser interessante, mas que não entra em sintonia com o mundo da série Harry Potter. Um exemplo é a cena da transformação do lobisomem. A câmera mostra a lua e dá um zoom nos olhos do personagem, algo bem característico dos antigos filme de lobisomem.
Quanto aos atores, Cuarón foi excelente. O trio principal está muito bem, principalmente Daniel Radcliffe (My Boy Jack), mas o grande destaque entre os jovens atores é Tom Felton (Anna e o Rei), intérprete do antagonista Draco Malfoy. Além da ótima instrução dos atores, Alfonso Cuarón também realiza excelentes escolhas dos mesmos. Gary Oldman (O Drácula de Bram Stoker), Emma Thompson (Simplesmente Amor), Timothy Spall (Desventuras em Série) e David Thewlis (A Profecia) estão incríveis em seu respectivos papéis, pois conseguem representar com muita fidelidade os personagens definidos por J. K. Rowling. Michael Gambon (Capitão Sky e o Mundo de Amanhã) interpreta o professor Alvo Dumbledore substituindo o falecido Richard Harris (Gladiador) e realiza um brilhante trabalho, mas mesmo assim não consegue manter a mesma imagem do diretor de Hogwarts, uma missão impossível, diria eu.
A sequência também merece ser parabenizada por seus efeitos especiais. Bicuço, o hipogrifo é bastante real e fiel à sua descrição na obra original (o grande destaque em efeitos espciais do filme), assim como os dementadores que, depois de terem sido testadas várias formas de representá-los, foram "encontrados" na computação gráfica. O lobisomen não fica atrás e possui originalidade aos outros representados no cinema (não apresentando nenhuma parte de seu corpo mais característica do homem ou do lobo que outra, sendo uma mistura completa dos dois seres).
São muitos erros e acertos, mas quando se pesa os dois fica perceptível que Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban perde mais do que ganha. Mudanças podem acontecer, e devem acontecer quando algo não está certo. Arriscar também é importante, mas não a ponto de deixar de fora parte importante da história quando não há necessidade. Alfonso é um ótimo diretor e prova isso em filmes como Filhos da Esperança. O problema é que ele não pareceu se dar muito bem com uma responsabilidade tão grande quanto é dirigir um filme da série Harry Potter. Se havia medo em contratar diretores como Steven Spielberg (Jurassic Park) e Tim Burton (Edward Mãos-de-Tesoura) porque estes fariam o filme muito ao seu estilo, erraram ao contratar Cuarón, que não fez nem um pouco diferente. Imagino que os outros dois teriam se saído melhor.

domingo, 5 de julho de 2009

Harry Potter e a Câmara Secreta



Harry Potter e a Câmara Secreta
Harry Potter and the Chamber of Secrets
EUA, 2002 - 161 min
Aventura/Fantasia

Direção: Chris Columbus

Roteiro: Steve Kloves

Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Richard Harris, Maggie Smith, Alan Rickman, Robbie Coltrane, Fiona Shaw, Tom Felton, Kenneth Branagh, Jason Isaacs

Passado um ano e meio desde o lançamento do primeiro filme da série cinematográfica Harry Potter, era a vez de Harry Potter e a Câmara Secreta enlouquecer os fãs e quebrar recordes de bilheteria na telonas.
Baseado no livro homônimo da escritora inglesa J. K. Rowling, a primeira sequência da série apresenta a volta de Harry (Daniel Radcliffe) à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts para o seu segundo ano, junto de seus amigos Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson). Desta vez, Harry tem uma visita inesperada do elfo doméstico Dobby, que lhe alerta dos horrores que podem ocorrer se o garoto retornar à Hogwarts. Apesar disso, Harry regressa à escola, onde alunos nascidos trouxas começam a ser encontrados petrificados e ele é o principal suspeito pelos ataques.
Os pontos fortes do filme começam na continuidade: os ambientes, os atores, a trilha sonora principal se mantêm intactas, iguais às do filme anterior. Chris Columbus (Esqueceram de Mim) manteve até os figurantes, o que contribui bastante para a caracterização da série.
A atuação é caracterizada por seus ganhos. Os atores-mirins apresentam uma melhora significativa e são postos mais à prova nessa sequência, em cenas como os diálogos entre Harry e Dobby, o Clube de Duelos e o clímax. Os atores mais experientes se mantém excelentes, mas com uma perda na participação de Richard Harris (Os Imperdoáveis) que interpreta Alvo Dumbledore e que está perceptivelmente abatido no filme devido à Doença de Hodgkin (câncer maligno que atinge o sistema linfático), doença esta que lhe causou a morte cerca de um mês antes do lançamento do filme. Sua atuação continua impecável, mas infelizmente possui menos aparições do que o esperado. Destaque também para Kenneth Branagh (Frankstein de Mary Shelley), que interpreta o hilário professor Gilderoy Lockhart de forma incrivelmente fiel ao livro.
O roteiro é inquestionável. Muito bem adaptado, o que o torna excelente, afinal o livro é excelente. O mistério é envolvente e tem um ótimo desfecho, o que é característico de Rowling. Além disso, consegue fazer com bastante destreza e sutilidade diversas referências ao restante da história do jovem bruxo como, por exemplo, o feitiço que é pronunciado pela metade por Lúcio Malfoy (Jason Isaacs) ao final do filme. Steve Kloves (Harry Potter e a Pedra Filosofal) consegue pegar a essência do livro, assim como fez com o primeiro, sem precisar acrescentar acontecimentos a história, sendo eles de grande ou pequena importância. Infelizmente parece que essa sua capacidade acabou depois deste filme ou foi limitada pelo outros diretores.
O enredo se torna ainda mais encorpado devido os efeitos especiais, que são inovadores e realistas - destaque para Dobby e o gigantesco basilisco. São diversas cenas de ação distribuídas nas mais de duas horas e quarenta minutos de duração que exigem de cenários colocados com uso de montagem aos personagens feitos totalmente em computação gráfica. Isso tudo se torna ainda melhor devido às ótimas fotografia e maquiagem e à fantástica trilha sonora do brilhante John Williams, que é famoso pelas múscias de orquestra da saga Star Wars, entre outros.
A película não ganhou nenhum prêmio relevante e não concorreu ao Oscar, o que não quer dizer muita coisa para um ano em que o prêmio de Melhor Filme foi para Chicago (Rob Marshall), quando existiam candidatos como O Pianista (Roman Polanski) e Gangues de Nova York (Martin Scorsese). Tendo arrecadado mais de 860 milhões de dólares durante sua passagem pelos cinemas do mundo, Harry Potter e a Câmara Secreta se mostra como o melhor filme da série lançado até o momento, sendo marcado por sua incrível fidelidade ao livro, fidelidade essa que poderia ser equiparada à da premiadíssima saga de O Senhor dos Anéis (Peter Jackson), mas que não chegou nem perto de obter esse reconhecimento por parte da crítica. Já os fãs, em sua maioria, sonham com o retorno de Chris Columbus ao posto de diretor dos filmes da série, o que se torna a cada dia mais improvável.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Harry Potter e a Pedra Filosofal



Harry Potter e a Pedra Filosofal

Harry Potter and the Philosopher's Stone
Reino Unido/EUA, 2001 - 152 min
Aventura/Fantasia
Direção: Chris Columbus
Roteiro: Steve Kloves
Elenco: Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Richard Harris, Maggie Smith, Alan Rickman, Robbie Coltrane, Fiona Shaw, Ian Hart, Richard Griffiths, Tom Felton e John Cleese.

Sob o sugestivo slogan "A magia vai começar", teve início a série cinematográfica mais lucrativa de todos os tempos. Lançado em novembro de 2001, Harry Potter e a Pedra Filosofal é o 3° filme que mais arrecadou em toda a história, cerca de US$ 970 milhões, ficando atrás apenas de Titanic e O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, que arrecadaram mais de US$ 1 bilhão cada. Pelos menos nos números, o filme é uma fiel adaptação do livro, um dos maiores best-sellers do século XXI.
O enredo (se é que alguém não conhece) trata de um órfão que vive com tios que o maltratam, e que aos 11 anos descobre que é um bruxo. Também descobre que seus pais foram mortos por um bruxo maligno, Lord Voldemort, e que ele foi único que sobreviveu às suas maldades, e que por isso é muito famoso no mundo bruxo. Harry (Daniel Radcliffe) vai estudar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde conhece Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson), que serão seus melhores amigos, além de Draco Malfoy (Tom Felton), seu grande rival. O ano de Harry na Escola é cheio de surpresas e descobertas, além de muito mistério envolvendo a lendária pedra filosofal.
A série Harry Potter é um grande desafio para qualquer roteirista. Mas podemos dizer que o primeiro livro é o "menos difícil" de adaptar para o cinema, pois é menor. Mas isso não tira o mérito de Steve Kloves e do diretor Chris Columbus, que foram fidelíssimos ao livro. Aliás, isso rendeu muitas críticas ao diretor por parte da imprensa, quando prometeu fidelidade ao livro. Ora, alguns podem até não gostar, mas isso é tudo que os fãs querem. Outro trunfo de Columbus para conseguir o posto de diretor do filme (desbancando nomes como Steven Spielberg e Rob Reiner) é a sua experiência com jovens atores, afinal ele dirigiu os dois primeiros filmes da série Esqueceram de Mim, além de Uma Babá Quase Perfeita. Foi também o roteirista de Gremlins e Os Goonies, e produtor de Um Herói de Brinquedo, O Homem Bicentenário e Uma Noite no Museu, entre outros. Pois é, o cara tem um currículo de respeito. Além do mais não sei se seria uma boa ter o Steven Spielberg como diretor desse filme, afinal a idéia dele era fazer um filme animado, com Haley Joel Osment dublando o Harry(!).
Falamos em trabalhar com jovens atores, e essa é uma das grandes dificuldades enfrentadas no filme. Mas foram boas as escolhas para os papéis principais. Além da semelhança física com a descrição dos personagens, os atores mais novos conseguiram, no mínimo, uma atuação razoável. Não se pode também exigir muito deles com tão pouca experiência. Daniel Radcliffe não é extraordinário, mas consegue dar conta da sua parte. A dublagem brasileira dele atrapalha um bocado. Quem assiste o filme legendado vê que ele não é ruim como aparentava na versão dublada. Rupert Grint se sai um pouco melhor. Mas quem parece ter mais intimidade com a atuação são os atores Emma Watson e Tom Felton (apesar de aparecer pouco). Quanto ao elenco adulto, é dos acertos do filme, que conta com alguns nomes consagrados, como o saudoso Richard Harris e Maggie Smith. Richard Harris está excelente no papel de Dumbledore, com toda a calma e o gestual característico do personagem. Desde a aparente fragilidade até a conhecida olhadinha por cima dos oclinhos de meia-lua, ele está exatamente como a descrição de J.K. Rowling. Destaque também para Robbie Coltrane e Alan Rickman, dois dos melhores atores do filme.
O filme é muito caprichado em cada mínimo detalhe. É um exemplo para muitos filmes que abrem grandes séries (vide Crepúsculo), pois o filme tem uma direção de arte espetacular, bela fotografia, figurino impecável e, principalmente, cenários grandiosos. O castelo de Hogwarts é uma maravilha do cinema atual. Os efeitos visuais também são bons (o trasgo, o quadribol), mas é claro que hoje eles não têm mais o mesmo impacto que tinham há oito anos atrás. Não podemos deixar de destacar também a trilha sonora, que virou marca da série. O compositor é John Williams, que também compôs as trilhas de filmes como Parque dos Dinossauros, O Resgate do Soldado Ryan, Tubarão, E.T., Amistad, Superman, e todos da série Indiana Jones e Star Wars.
Assim como o livro, o filme é um pouco infatil (nada comparado às Crônicas de Nárnia, obviamente), mas nem tanto. É um filme bom para a família. É bem longo para um filme desse gênero (2h32min), o que pode ser um pouco cansativo para alguns, mas é um preço a ser pago por se seguir à risca o livro. Para os fãs, nunca cansa.
Apesar de não ser um filme que tem a cara das grandes premiações, Harry Potter e a Pedra Filosofal recebeu algumas indicações: 3 ao Oscar (Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora), 7 ao BAFTA (Melhor Filme Britânico, Melhor Ator Coadjuvante - Robbie Coltrane, Melhores Efeitos Especiais, Melhor Desenho de Produção, Melhor Som, Melhor Figurino e Melhor Maquiagem), e uma ao MTV Movie Awards ( Melhor Revelação Masculina - Daniel Radcliffe).
Harry Potter e a Pedra Filosofal é um filme surpreendente para quem nunca ouviu falar e bastante satisfatório para quem leu o livro. Ele apresenta um série que tem potencial para mostrar muita coisa ainda. Sua missão é chamar a atenção de todos e fazer com que todos voltem os olhos para essa marca que surgia. Missão cumprida.

 
© 2007 Template feito por Templates para Você