sábado, 10 de abril de 2010

Chico Xavier



Chico Xavier

Chico Xavier
Brasil, 2010 - 125 min
Drama

Direção: Daniel Filho

Roteiro: Marcos Bernstein

Produção: Daniel Filho

Elenco: Nelson Xavier, Ângelo Antônio, Matheus Costa, Christiane Torloni, Tony Ramos, Letícia Sabatella, Pedro Paulo Rangel, Giulia Gam, Cássia Kiss, Cássio Gabus Mendes, André Dias, Paulo Goulart, Luís Melo

Adorado pelo público brasileiro, o cineasta Daniel Filho (Se Eu Fosse Você 2) está no auge de sua carreira. Ninguém melhor do que ele para receber o desafio de dirigir e produzir a cinebiografia Chico Xavier, filme que é lançado no ano de centenário do grande médium. É muita responsabilidade, principalmente para escolher a abordagem do filme, devido a curiosidade dos espectadores e a todos os tabus que envolvem o espiritismo.
Durante o filme, acompanhamos Chico Xavier de duas formas intercaladas: quando o médium foi convidado a participar do programa Pinga-Fogo da TV Tupi do dia 28 de julho de 1971 - edição esta que foi um marco na televisão brasileira devido a toda a polêmica envolvida; e desde sua infância, quando não sabia o que eram os casos estranhos e sobrenaturais que lhe rondavam, até a sua fase adulta, quando fundou o seu primeiro Centro Espírita. Junto com a parte mais atual da história, nos é apresentado o drama de um casal que teve seu filho supostamente assassinado pelo melhor amigo, mas este jura que foi um acidente.
Chico Xavier é uma adaptação de As Vidas de Chico Xavier, do jornalista Marcel Souto Maior. Como já foi dito antes, a história vai e volta, cronologicamente falando. Mérito para o roteirista, que consegue realizá-lo de forma clara e sem enrolações. O roteiro também honra o texto inicial do filme, que informa que foram escolhidos os momentos mais importantes de Francisco para serem mostrados, pois seria impossível mostrar tudo que era importante. A escolha das passagens é perfeita, com as dosagens corretas de drama e humor, tudo com grande compromisso para com a realidade, o que pode ser comprovado no créditos, quando imagens reais do programa Pinga-Fogo são exibidas.
A escolha de elenco não poderia ser melhor. Matheus Costa (Muito Gelo e Dois Dedos D'Água), Ângelo Antônio (2 Filhos de Francisco) e Nelson Xavier (Narradores de Javé) interpetam Chico na infância, fase adulta e terceira idade (ou quase isso), respectivamente. Todos três fazem um trabalho excelente, com destaque para os dois últimos, que conseguem adquirir uma semelhança muito grande com o personagem no modo de agir. Sem dúvida, Ângelo Antônio foi quem ficou com o maior desafio que, sem dúvida, foi superado: conseguir fazer uma grande interpretação do médium, mesmo sem possuir semelhanças físicas consideráveis. O contrário ocorre com Nelson Xavier, que tem aparência, voz e presença que se confundem com Cândido Xavier quando o ator está interpretando o personagem. O intéprete hesitou em aceitar a proposta de atuar no filme por um tempo, devido à sua crença agnóstica, mas acabou entrando no projeto, e sempre se emociona quando se toca no assunto, pois diz que o filme mudou totalmente a sua visão de Deus.
No outro núcleo do filme, temos Tony Ramos (Se Eu Fosse Você 2) e Christiane Torloni (Onde Andará Dulce Veiga?) que, como sempre, fizeram uma interpretação belíssima. Uma das cenas mais marcantes do filme é realizada pelos dois, onde seus personagens leem uma psicografia do próprio Chico Xavier.
Grande parte do mérito do filme vai para o diretor e produtor do filme Daniel Filho, que sempre agradou ao público, mas só com seus últimos projetos tem conseguido "amansar" a crítica. Além da qualidade de grande parte de seus filmes, a quantidade de produções em que Daniel Filho está e esteve envolvido é incomparável, a nível de Brasil. Com Chico Xavier, o diretor mostrou de que modo devem ser mostrados ao públicos temas polêmicos como religião: de forma imparcial. O espiritismo não se torna, em nenhum momento, o centro do filme. Tudo o que observamos é mostrado através da visão e dos relatos do próprio Chico e de fatos, ou seja, verdades. O saudoso Francisco Cândido Xavier apresentado é, antes de médium e espírita, um homem dedicado à compaixão e à caridade.
Chico Xavier é tudo aquilo que Lula - O Filho do Brasil deveria ter sido e não foi: um sucesso de bilheteria, uma obra cinematográfica com uma excelente qualidade técnica, uma história apresentada de forma aberta, fiel à realidade e um grande acréscimo ao cinema brasileiro.
Com o centenário de Chico Xavier, podemos esperar para 2010 mais uma aparição de Nelson Xavier como Cândido no cearense As Mães de Chico Xavier (Glauber Rocha) e mais uma superprodução brasileira e espírita, Nosso Lar (Wagner de Assis). Para os curiosos e simpatizantes, resta torcer e esperar.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Lembranças


Lembranças

Remember Me
EUA , 2010 - 113
Drama / Romance

Direção:
Allen Coulter

Roteiro:
Will Fetters

Elenco:
Robert Pattinson, Pierce Brosnan, Emilie de Ravin, Chris Cooper, Lena Olin, Martha Plimpton

Os dramas românticos nos últimos tempos têm ficado repetitivos demais, a ponto de muitos nem mais incluírem esse gênero como uma possibilidade em suas idas ao cinema. Contamos nos dedos os filmes desse tipo que realmente trouxeram algo de novo ultimamente, como Um Amor Para Recordar e P.S. Eu Te Amo.

Lembranças trouxe como grande estandarte atrativo o astro da Saga Crepúsculo e queridinho das adolescentes Robert Pattinson. Isso levou várias garotinhas histéricas ao cinema, mas também espantou vários marmanjos que não queriam ver o vampiro Edward em ação. Bem, os que se arriscaram nesta tarefa tiveram uma boa surpresa.

O enredo é focado em dois personagens principais e suas famílias problemáticas, e como seus destinos acabam se encontrando. Tyler Hawkings (Robert Pattinson) é um jovem de uma família de classe alta, mas que saiu de casa após o suicídio de seu irmão mais velho, e desde então mantém uma relação difícil com seu pai, Charles (Pierce Brosnan). Tyler acaba se envolvendo em uma confusão com um policial, Neil Craig (Chris Cooper), e vai preso. Mais tarde ele descobre que uma garota da sua faculdade, Ally (Emilie de Ravin) é filha de Neil, e é convencido por um amigo que chamá-la para sair seria a melhor maneira de se entender com o policial. Assim acontece, e eles começam a se conhecer melhor e acabam se apaixonando. Mas essa relação é posta em jogo quando Neil descobre com quem sua filha está saindo.

A sinopse pode fazer transparecer mais um clichê romântico, mas não é bem assim. Os problemas familiares são bem mais intensos no filme que a própria história de amor. É como se esta fosse só um chamariz para se discutir questões bem mais relevantes. Vemos duas estruturas familiares bem diferentes, mas problemas bem semelhantes, guardadas as devidas singularidades. Ally viu sua mãe ser assassinada, e depois disso nunca conseguiu ser próxima de seu pai. Tyler culpa seu pai pelo suicídio de seu irmão, que era seu melhor amigo. A relação dos dois se resume a acusações recíprocas e discussões freqüentes, além de uma extrema dificuldade de expressar seus sentimentos e até de se comunicar mesmo.

Olhando os nomes no elenco antes da sessão, só o nome de Emilie de Ravin me animou. Velha conhecida dos fãs de Lost, a australiana provou seu talento nas telonas também. Quanto a Robert Pattinson e Pierce Brosnan, bem, digamos que nunca fui muito fã dos dois. Mas eles se saem bem tentando escapar de seus estereotipados personagens Edward e James Bond, respectivamente. Pattinson ainda lembra muito o tal vampiro em determinadas cenas, mas nesse filme pôde provar que tem capacidade para fazer mais do que demonstrou em suas óbvias e enfadonhas cenas na saga vampiresca. Ele e Brosnan são postos à prova em uma intensa cena, no melhor estilo "lavação de roupa suja" entre pai e filho. Vale também destacar a atuação do talentoso Chris Cooper, que já havia participado de filmes como Tempo de Matar e Beleza Americana.

Esse é apenas o segundo filme dirigido por Allen Coulter (Hollywoodland - Bastidores da Fama), que dirigiu vários episódios de seriados americanos, como A Família Soprano e Sex and the City. O filme também conta com Robert Pattinson como produtor executivo, além de protagonista.

Para aqueles que ainda não desistiram do gênero drama/romance no cinema, não deixem de conferir Lembranças. É um filme muito bom, por mais que todos os elementos façam essa possibilidade parecer remota. Surpreendente do início ao fim, mas principalmente no fim. Aguardem e confiem.

 
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